Podem permitir que os alunos façam reportagens fotográficas,
áudio ou video das observações ou descobertas, podem permitir a consulta de
mapas ou a pesquisa de informação complementar sobre o que
estão a observar, podem ampliar a participação ativa e a motivação dos alunos através
do uso de aplicações educativas interativas ou desafios de exploração.
Neste caso, do meu ponto de vista, o telemóvel constitui uma
oportunidade educativa e, por isso, deve ser permitido e até
incentivado. O seu uso deve estar previsto no plano da visita, com objetivos
claros e tarefas específicas a concretizar pelos alunos. As tarefas devem ser
sempre acompanhadas pelos professores, que garantem o cumprimento das regras
definidas. Fora dos momentos planeados, os telemóveis devem estar guardados e silenciados.
Por outro lado, se o seu uso for efetuado indiscriminadamente
e sem regulação pode comprometer gravemente os objetivos e os resultados
pedagógicos da visita. O acesso incontrolado a jogos, vídeos ou redes sociais
podem desviar os alunos do foco da visita e do contacto com o espaço físico
visitado, podem isolar os alunos prejudicando a comunicação, a observação, a exploração,
a partilha e a socialização do grupo. Além disso, a troca de mensagens, chamadas
e videochamadas constantes com familiares e amigos distraem os alunos, impedem o
normal desenrolar da visita, enfraquecem a autonomia das crianças e dificultam a
gestão do grupo pelos professores.
Neste caso, na minha perspetiva, o telemóvel constitui um
problema educativo e, por isso, o seu uso deve ser restringido. Os encarregados
de educação devem ser informados acerca dos objetivos e das condições do uso do
telemóvel e sensibilizados para a importância de respeitar a autonomia dos alunos durante a
visita.
Em suma, a utilização do telemóvel por alunos do 1º Ciclo, especialmente no contexto de visitas de estudo, é um tema que requer reflexão pedagógica e uma definição clara de orientações. Quando bem integrado, orientado e supervisionado, o telemóvel pode ser uma mais-valia educativa, pode potenciar a aprendizagem e proporcionar experiências significativas. Pelo contrário, pode comprometer o valor pedagógico da visita. O telemóvel deve ser uma ferramenta ao serviço da aprendizagem, nunca um fim em si mesmo ou um mero entretenimento. Só dessa maneira a Escola estará a garantir a qualidade das experiências proporcionadas fora da sala de aula, a reforçar as competências curriculares, sociais e transversais, e a garantir a segurança e o bem-estar dos alunos.
José Luís Carvalho
Professor do 1º Ciclo
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