"O problema é que os decisores políticos acreditam que a sua missão ficou cumprida com a proibição do telemóvel nas escolas. Não ficou! Quando os alunos saem da escola, regressam aos telemóveis e à manipulação emocional pelas redes sociais, e não vejo os decisores políticos a reconhecerem que só a educação escolar poderá salvá-los (e, a prazo, salvar-nos a todos)!" (António Dias Figueiredo)
Esta reflexão de António Dias Figueiredo, professor emérito da Universidade de Coimbra, sobre o uso indiscriminado das tecnologias pelos mais jovens, é de uma pertinência inegável e deve servir de mote para uma profunda reavaliação das políticas educativas e socais sobre literacia digital.
No meu entender são palavras sábias porque nos transmitem a ideia de que a proibição é uma medida paliativa e que a sociedade, em sentido lato, e as famílias em particular, não estão a conseguir corresponder à necessidade de regular a utilização desmedida e irracional dos smartphones e das consolas de jogos pelos mais jovens. Em muitos casos, os próprios pais e familiares tornam-se coadjuvantes desta problemática ao incorrerem eles mesmo em práticas abusivas e pouco criteriosas de uso dos recursos digitais. Alguns adultos não falham apenas na regulação do seu uso pelos jovens, mas também dão o mau exemplo ao usarem a tecnologia de forma irresponsável e viciante. Não só utilizam os dispositivos digitais como "babysitters eletrónicos", negligenciando a interação com os mais novos, como também se revelam dependentes deles, consumindo as tecnologias de forma indiscriminada em todos os espaços (casa, rua, transporte e trabalho), transformando-as em "narcóticos digitais" que dominam as suas rotinas.
No meu entender são palavras sábias porque nos transmitem a ideia de que a proibição é uma medida paliativa e que a sociedade, em sentido lato, e as famílias em particular, não estão a conseguir corresponder à necessidade de regular a utilização desmedida e irracional dos smartphones e das consolas de jogos pelos mais jovens. Em muitos casos, os próprios pais e familiares tornam-se coadjuvantes desta problemática ao incorrerem eles mesmo em práticas abusivas e pouco criteriosas de uso dos recursos digitais. Alguns adultos não falham apenas na regulação do seu uso pelos jovens, mas também dão o mau exemplo ao usarem a tecnologia de forma irresponsável e viciante. Não só utilizam os dispositivos digitais como "babysitters eletrónicos", negligenciando a interação com os mais novos, como também se revelam dependentes deles, consumindo as tecnologias de forma indiscriminada em todos os espaços (casa, rua, transporte e trabalho), transformando-as em "narcóticos digitais" que dominam as suas rotinas.
Na opinião de Dias Figueiredo, a Escola em geral, e os professores em particular, são (ou terão de ser mais uma vez) chamados a prestar um contributo formativo na promoção de um uso consciente, equilibrado e ético da tecnologia de maneira a salvaguardar o bem-estar físico e mental das crianças e dos jovens.
Como sabemos, o mesmo tem acontecido em relação a muitos outros problemas, como por exemplo o da educação para a saúde, educação para a sexualidade, educação para a cidadania, inclusão e diversidade. Ultimamente, a Escola tem também funcionado como um importante espaço de socialização e formação cívica e os professores têm sido chamados a prestar "serviço de emergência" para colmatar défices que extravasam largamente os objetivos curriculares tradicionais.
É reconhecido o valioso papel da Escola para capacitar os jovens a viverem e prosperarem na complexa sociedade digital mas, na perspetiva de que a educação é uma responsabilidade partilhada, é também imperioso que se imponha e se contribua fortemente para o regresso das famílias e das políticas públicas sociais ao centro da resolução destas problemáticas.
José Luís Carvalho
Professor do 1º Ciclo
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